quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A democratização da comunicação na prática

No último dia 16 de outubro tive a oportunidade de viver uma experiência muito bacana. Como era uma sexta-feira, precisei honrar meu compromisso de ficar com as crianças para a esposa lecionar no período noturno. No mesmo dia estava agendada a abertura da 1ª Conferência Municipal de Comunicação - Confecom - Campinas. O palestrante da noite, após a abertura oficial, era simplesmente o brilhante jornalista Caco Barcelos, com o tema "Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital", tema nacional das conferências que estão sendo realizadas nos mais diferentes municípios do País.

Digo que foi uma experiência ímpar, pois ao dar uma olhada nos diversos canais da TV me deparei com a transmissão ao vivo do acontecimento. Fiquei assustando e emocionado, pois ali houve uma confluência do sentimento comunitário que me liga a cidade e a região. Poxa, uma atividade que me impunha limitação para participação in loco, mas ao mesmo estava ao vivo, ali à minha disposição, dentro da minha casa.

Como não poderia ser diferente, Caco deu um show à parte. Ele foi na ferida e deixou claro que a capacidade de manipulação da mídia está ligada diretamente, no mínimo, a dois fatores: 1) falta de consciência crítica da massa em relação ao papel dos meios de comunicação; 2) a cabeça domesticada dos jornalistas que trabalham com a visão que interessa apenas a uma elite branca e não aos interesses do público em geral.

Enquanto ficava vendo na tela vários companheiros de velhas jornadas, podia sentir a importância da existência de uma multiprogramação na TV, com o oferecimento de múltiplas possibilidades para os telespectadores, fugindo dessa camisa de força que é imposta pelos donos da mídia. Mas, lamentavelmente, eu tinha que voltar à realidade e me lembrar que estava sendo um dos poucos privilegiados, pois posso pagar uma operadora de TV a cabo, de propriedade dos mesmos donos da mídia que aliena a maioria da população. Um outro militante ou cidadão comum, menos privilegiado, continua obrigado a consumir cotidianamente aquilo que os poucos canais abertos oferecem.

Das 20:30 até às 22 hs, durante a exposição de Barcelos, abordando sua experiência para fugir do convencional e mostrar o Brasil que a mídia em geral não mostra, pude me lembrar de todo empenho do ex-vereador Carlos Francisco Signorelli para colocar a TV Câmara Campinas no ar. Neste período, sob a coordenação do companheiro Lindolfo Alexandre, tive a oportunidade de fazer parte dessa nobre e prazerosa experiência de implantação da TV Câmara. Foi uma batalha durante os dois anos que Sognorelli esteve na presidência (2002-2004), mas ali estava a certeza de um trabalho que valeu a pena e, com certeza, marcou uma gestão diferenciada na Câmara Municipal de Campinas.

Penso que a democratização da comunicação vai acontecer assim: pequenos passos, que vão se somando e resultarão em grandes conquistas, pois toda caminhada deve começar com o primeiro passo. Penso também que esse é um grande mérito da Conferência Nacional de Comunicação, que está sendo preparada e fortalecida com a realização das conferências municipais e estaduais.

Por último, quero parabenizar a comissão organizadora da 1ª Confecom Campinas que sugeriu e reivindicou a transmissão ao vivo pela TV Câmara e ao Coordenador de Comunicação da Câmara Campinas, Marcelo do Canto, que garantiu a transmissão de todo evento.
Lei para a comunicação na Argentina é um exemplo a ser seguido

Olha aí que bela oportunidade para fomentar a discussão sobre um novo marco regulatório para os meios de comunicação no Brasil: o Senado argentino aprovou uma nova lei para os meios audiovisuais, estabelecendo restrições à propriedade e impondo novas regras no mercado midiático local.Essas medidas vão ao encontro do que já acontece nos Estados Unidos, portanto não tem nada de radicalismo. São regras para regular o mercado e coibir esse escândalo que é a concentração da mídia nas mãos de poucos caciques.De acordo com Viníciu A. de Lima, pesquisador da Universidade de Brasília e autoridade nos assuntos relacionados a democratização da comunicação, a Lei 26522, impede a concentração da propriedade, a propriedade cruzada e, sobretudo, promove-se a pluralidade e a diversidade através da garantia da liberdade de expressão de setores até aqui excluídos do "espaço público midiático" – povos originários, sindicatos, associações, fundações, universidades – através de entidades sem fins comerciais.Mas os caciques da vizinha Argentina e, como não poderia deixar de ser, os daqui também estão em pé de guerra com o governo da presidente Cristina Kirchner. Nos bastidores, é de supor, que devem estar fomentando um golpe de estado por lá. Depois da defesa vergonhosa do golpe em Honduras não podemos duvidar de mais nada vindo desses segmentos reacionários.Rogério Christofoletti, do Observatório da Imprensa relata que para o jornal O Estado de S.Paulo, a medida é um atentado do governo para cercear a mídia, principalmente o poderoso grupo Clarín, que está em rota de colisão com os Kirchner há meses. Mas ele lembra que antes de ser aprovada pelos senadores, a nova lei foi intensamente discutida.Será que o governo Lula será capaz de romper seus acordos com os donos da mídia tupiniquim e seguir o exemplo da colega Cristina Kirchner? Vamos ver até que ponto avançaremos por aqui, principalmente durante este processo interessante de realização da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), que deve ter, no início de dezembro, seu desfecho em nível nacional.